RIP Marota
Hoje é um dia triste, hoje uma cadelinha com um significado especial para mim partiu, espero que para um lugar melhor.
A verdade é que passei cerca de uma hora a chorar por causa disto, ou melhor por causa dos sentimentos que isto despertou em mim. A Marota já tinha alguma idade e já sabia que isto ia acontecer brevemente, só não pensei que me fosse abalar tanto.
Ela só estava comigo à poucos anos, antes tinha sido de uma amiga. Quando essa amiga não podia ficar mais com ela eu fiz uma birra para os meus pais me deixarem ficar com aquela coisa mais fofinha e eles deixaram.
Não fiquei com a cadela por ser fofinha, fiquei com a Marota porque os animais também sentem e se ela ficasse comigo então a minha amiga podia vê-la sempre que quisesse e a cadelinha não ia sentir tanto a diferença.
Ao fim de algum tempo aquela cadelinha já não era só da minha amiga, era minha também. As três tivemos momentos memoráveis. E foi a recordação desses momentos que me deixou tão em baixo.
Eu conheci a Carolina quando entrei para os escuteiros e foi a partir daí que eu mudei completamente, de menina que andava maioria das vezes sozinha e que sentia que não pertencia a lado nenhum, tornei-me uma pessoa super divertida e comecei a fazer parte de um grupo no qual me sentia bem. Esse grupo passou por muita coisa até deixar de ser um grupo.
Mas enquanto durou todas nós sabíamos que tínhamos aquela pessoa a quem recorríamos mais frequentemente, eu na verdade tinha duas. Se por um lado tinha a minha melhor amiga nesse grupo, por outro tinha uma irmã.
Até hoje só considerei duas amigas como se fossem irmãs, uma delas continua a ser e vai ser sempre, a outra já não consigo vê-la dessa forma. Mas o que nunca fui capaz de admitir até hoje é que ela me faz falta.
O dia de hoje foi tipo um flashback de tudo o que passei com a Carolina, ela foi a primeira pessoa com quem consegui falar completamente à vontade porque sabia que ela não me ia julgar, ela era das primeiras pessoas a saber o que se passava comigo. Ela foi a amiga que mais tempo passou em minha casa, ela já fazia parte da família. Cantamos juntas, dançamos juntas, representamos juntas, crescemos juntas.
Também tivemos as nossas zangas e não foi isso que nos afastou.
Ela era realmente uma irmã para mim, todos os momentos que tivemos oportunidade de partilhar foram únicos, nós fomos inseparáveis por uns tempos.
Mas durante a nossa vida conhecemos pessoas novas e uns momentos acabam por substituir outros, e foi o tempo que nos afastou, e a partir daí a Marota começou a ser a nossa única ligação. A Marota era a única que me fazia lembrar aqueles momentos, a Marota passou a ser a minha confidente, as coisas que por vezes queria dizer à Carolina eu dizia à cadela. E sei que nos últimos tempos aquela pequena cadelinha sentiu a falta dela, assim como eu senti hoje.
Agora só resta dizer adeus Marota, descansa em paz!
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